18/11/07

Recursos energéticos vs aquecimento global

O último livro que li foi “O sétimo selo” de José Rodrigues dos Santos e, ainda que seja um romance, não pude deixar de constatar com agrado que o livro está recheado de detalhes sobre dois temas fundamentais estreitamente ligados: O fenómeno do aquecimento global e, como não podia deixar de ser, o fim do petróleo como fonte de energia barata. Relativamente a este último tema é verdade que em muitos dos países produtores de petróleo já foi atingido o pico de produção à alguns anos e que os níveis de produção só estão a ser mantidos recorrendo a maquinaria sofisticada, maquinaria essa que tem mascarado o progressivo acréscimo de dificuldade em extrair petróleo. Dentro de alguns anos as reservas de petróleo estarão tão baixas que a produção de petróleo decairá abruptamente e com uma demanda crescente deste produto, o preço atingirá rapidamente os 3 dígitos por barril e então será o caos para podermos fazer o nosso dia-a-dia como até aqui temos feito. Será inviável deslocarmo-nos para o emprego, será inviável termos luz em nossas casas, será extremamente difícil o acesso a bens que até aqui os considerámos um dado adquirido, a fome e a pobreza serão um dado adquirido, pilhagens e a desordem pública estarão na ordem do dia. Se por um lado a falta de petróleo poderá levar-nos ao caos, não deixa de ser menos verdade que o continuado uso do petróleo irá levar-nos ao fim, senão vejamos, a continua emissão de gases de efeito de estufa como é o caso do CO2 irá levar-nos invariavelmente ao aquecimento global que trará o degelo das calotes polares com o consequente aumento do nível das aguas que conduzirá à inundação de muitas zonas costeiras. Como consequências adicionais haverá desequilíbrios nos ecossistemas marinhos, haverá um crescimento exponencial da área ocupada por desertos com a consequente aumento dos fluxos migratórios para zonas mais prósperas, ideologia de extrema-direita terá mais receptividade nos países de “acolhimento”, isto tudo para não falar nas catástrofes naturais cada vez mais comuns e em locais onde antes não se haviam registado fenómenos semelhantes. Tanto por questões ambientais como por razões de funcionamento da sociedade tal como a como a conhecemos actualmente urge encontrar uma alternativa às fontes de energia fósseis, uma alternativa inesgotável e ao mesmo tempo com um mínimo de impacte ambiental. Actualmente não existe na calha para substituir o petróleo uma fonte de energia com as características pretendidas para usar em larga escala. A nível teórico o hidrogénio é de longe a fonte de energia mais adequada, não tem impacte sobre o ambiente visto a sua combustão conduzir à formação de vapor de água, tem maior capacidade energética que o petróleo, e por fim é renovável, sendo obtido hidrogénio através da electrólise da água. O problema reside neste último passo, fazer a electrólise da água para reciclagem do H2 pois para tal tem que se gastar energia e o recurso a energias renováveis para tal seria imperativo. Enquanto não se descobre um meio barato e sustentável de produzir hidrogénio o uso desta fonte de energia estará hipotecado. Portanto outras fontes de energia terão que surgir como alternativa nem que seja a título provisório. Bons candidatos a esse papel são o gás natura ou até mesmo os biocombustíveis, são ambos menos poluentes que o petróleo mas não são isentos de problemas, se por um lado o gás natural não é inesgotável, o biocombustível levará invariavelmente ao aumento do preço de cereais e outros alimentos. A nós cabe-nos a tarefa de racionalizar os gastos energéticos tal como estar sensibilizados para o investimento na investigação da viabilidade do hidrogénio ou outras fontes de energia alternativas.

27/10/07

Raid de 40 km´s ao concelho de Mafra

Este foi realmente um dia inesquecível, também com os 40 Km's feitos pudera! Ainda assim, independentemente dos Km's esta foi uma caminhada muito preenchida onde se desbravou novos caminhos e se descobriu a faceta mais rural deste concelho mesmo às portas de Lisboa. Aqui fica algumas fotos desta aventura.






07/10/07

Cabo da Roca ao Anoitecer

Esta foi uma viagem relâmpago até ao ponto mais ocidental da Europa....é claro que estou a falar do Cabo da Roca...ao anoitecer, só foi pena terem faltado as pilhas da máquina fotográfica quando o céu estava completamente vermelho, bem não se pode ter tudo, aqui fica uma amostra daquilo que vi





30/09/07

TGV em Portugal: escassos benefícios para custos astronómicos

O conceito de TGV, que é o mesmo que train à grande vitesse, surgiu pela primeira vez no Japão no início da década dos 60 com a ligação entre Tóquio e Osaca, sendo posteriormente adoptado em França em 1981 sendo então feita a ligação Paris-Lyon; desde então a rede não tem parado de aumentar com países como a Alemanha, Inglaterra, Holanda, Suiça, Itália Espanha e Bélgica a aderirem, ligados numa rede que cobre actualmente cerca 3700 Km. Este meio de transporte circula a velocidades de cerca de 300-350 Km/h para fins comerciais tendo já atingido em testes velocidades máximas de 574 Km/h (sobre carris) e 581 Km/h (num sistema electromagnético). Em Portugal está previsto o início da circulação do TGV em 2013 no trajecto entre Lisboa-Madrid, sendo posteriormente concluída a ligação Lisboa-Porto por volta de 2015. Este é um dos investimentos mais avultados feitos em Portugal estando estas duas ligações orçamentadas em cerca de 7,7 mil milhões de euros, com cerca de 20% do custo suportado pelos fundos comunitários, 40% suportado pela empresa exploradora do TGV e os restantes 40%, de uma forma ou de outra, suportados pelo contribuinte, resultando num preço demasiado avultado a pagar pelo contribuinte quando os benefícios reais associados ao TGV são praticamente nulos para o vulgar cidadão senão vejamos:

Actualmente a ligação entre Lisboa e Porto faz-se em alfa pendular em cerca de 3 horas, se estivessem concluídas as obras modernização desta linha, (previstas iniciar no longínquo ano de 1991 e cujos custos já aumentaram em 2000% pelo sucessivo atrasar da obra), a mesma viagem em alfa pendular duraria entre 2 horas e 2h15m. Em TGV esse mesmo percurso far-se-ia em 1h30m, ora haveria um ganho de somente 30 minutos. Para piorar as coisas, recentemente o tribunal de contas acusou o governo de atrasar as obras de modernização da linha do Norte em benefício da nova linha do TGV. Relativamente à ligação Lisboa-Madrid esta é feita actualmente de avião a preços muito competitivos praticados pelas companhias denominadas low-cost, cerca de 5 vezes mais barato do que o previsto custar em TGV (100 euros). O TGV só seria competitivo se não houvesse flexibilidade quanto ao dia da partida e do regresso (partir e regressar no próprio dia por exemplo). Podia-se dizer que com a introdução do TGV a redução das emissões de gases de efeito de estufa seria uma realidade, mas tal não irá concretizar-se se não houver uma melhoria significativa da rede de transportes públicos nas cidades abrangidas pelo percurso do TGV, e digamos em abono da verdade que essa melhoria da rede de transportes públicos suburbanos traria muito mais vantagens para o vulgar cidadão e para a produtividade das empresas do que propriamente o TGV. Podíamos dizer também que estaríamos a perder o comboio da Europa em termos de rede de alta velocidade, mas se olharmos bem para outros países da Europa mais ricos, mais desenvolvidos e com melhor qualidade de vida que Portugal que dispensam o TGV como é o caso dos países Escandinavos então veremos que não é bem assim. Em jeito de conclusão, o TGV é um empreendimento demasiado caro para o bolso dos portugueses principalmente se olharmos para os reais benefícios que daí advêm para o vulgar cidadão, outros investimentos são mais vantajosos para os portugueses como é o caso da saúde, educação ou até mesmo investimento numa melhor rede de transportes públicos urbanos e suburbanos.

15/09/07

Biocombustíveis: prós e contras

É inegável que a sociedade contemporânea de matriz tecnológica, industrial e económica se depara com um quebra-cabeças à escala global e que até hoje não tem solução real. Se por um lado pretendemos crescer tanto ao nível económico, tecnológico e até mesmo no nosso bem-estar não é menos verdade que, do outro lado da equação nos deparamos com problemas de sustentabilidade de recursos e degradação ambiental. Na raiz do problema temos o petróleo fonte energética fóssil e não renovável (pelo menos numa escala de tempo útil ao ser humano) que, ao mesmo tempo que se vai esgotando (gerando instabilidade e conflitos no Médio Oriente), tem contribuído para a emissão de gases de efeito de estufa nomeadamente o CO2, com o consequente aumento da temperatura na superfície terrestre resultando no degelo das calotes polares e aumento do nível das águas com inundação de algumas zonas costeiras. Neste cenário ainda evitável surge a necessidade de se procurarem alternativas ao petróleo, alternativas renováveis e que minimizem o impacte ambiental. Os biocombustíveis têm surgido nos últimos tempos como uma fonte de energia mais limpa que o petróleo e com enormes potencialidades de serem produzidos em grande escala sendo que muitos mais países teriam a possibilidade de produzir o seu próprio combustível evitando-se a excessiva dependência dos países exportadores de petróleo. Os biocombustíveis são produzidos através da refinação de óleos extraídos de plantas como o girassol, a palma, a soja, colza e até da fermentação de açúcares extraídos da cana-de-açúcar. Ao nível do impacte ambiental o biodiesel permite reduzir em 75% a emissão de CO2, 50% a emissão de CO e 100% a de enxofre. Para além de ter um impacte ambiental mais reduzido, o custo do biodiesel é inferior ao da gasolina ou até mesmo ao gasóleo (1 litro de biodiesel custa actualmente 50 cêntimos). Aparentemente o uso de biocombustíveis só apresenta vantagens mas não, também apresenta alguns inconvenientes, para além de não eliminar a produção de gases de efeito estufa, a produção massificada de biocombustíveis iria aumentar dramaticamente o preço dos cereais mas não só, iria provocar o aumento do preço da carne pois as rações iriam aumentar muito o seu preço. Por outro lado surge o problema da destruição das floresta tropicais, para além do impacto sobre a biodiversidade, já para não falar no facto que a reflorestação é mais eficaz na redução de gases de efeito de estufa do que propriamente o uso de biocombustíveis. Actualmente o Brasil, potencia mundial emergente, é líder na produção de biocombustíveis nomeadamente de etanol obtido através da cana-de-açúcar. Esta posição do Brasil permite-lhe exportar biocombustíveis nomeadamente para países ricos que cobram tarifas elevadíssimas de importação de biocombustíveis, algo que não acontece com o petróleo; para além desta problemática o Brasil não se livra das críticas referentes à desflorestação da Amazónia para obtenção de biocombustíveis. Portugal, por seu turno, ainda está numa fase inicial de produção de biocombustíveis, havendo duas fábricas de produção de biodiesel produzindo cerca de 68000 toneladas no primeiro semestre de 2007. Em jeito de conclusão, os biocombustíveis poderão tornar-se a médio prazo numa alternativa viável menos poluente e mais barata que o petróleo, ainda assim terá que haver intervenção do estado para que, o preço dos cereais e da carne não aumente exponencialmente passando a solução pela não reconversão de campos de cultivo de produção alimentar para produção energética. Outro ponto a ter em atenção seria responsabilizar os governantes pela reflorestação e sustentabilidade das culturas para fins energéticos. Os biocombustíveis não seriam uma fonte de energia verde por excelência, como são a energia hidroelétrica, eólica, solar ou até mesmo o hidrogénio, este último ainda muito pouco desenvolvido e com implicações espantosas ao nivel da capacidade energética e com impactes praticamente nulos sobre o ambiente. Os biocombustíveis podiam ser um susbtituto de transição para o petróleo quando este se tiver esgotado, nomedamente na área dos transportes, enquanto que na área de produção de electricidade a energia hidroelectrica, eólica, e solar têm progressivamente ganho peso.

02/09/07

Crédito habitação

Crédito habitação, uma realidade incontornável para uma grande maioria de portugueses que pretendem adquirir casa própria, principalmente jovens, que entraram no mercado de trabalho à pouco tempo vivendo numa situação de trabalho precário, significando baixos rendimentos e contratos de trabalho a prazo, situação cada vez mais habitual no panorama nacional, num cenário desses surge a questão: como é que um jovem se pode comprometer a pagar todos os meses a prestação de uma casa por um período de trinta a quarenta anos? Como consegue pagar a prestação naqueles meses em que não está empregado…? No meio disto tudo o curioso é que em todos os spots publicitários referentes a este tipo de crédito aparecem jovens casais, felizes com o compromisso assumido para os próximos 30 anos, sem possibilidade de se divorciarem dessa responsabilidade, mesmo numa situação de perda de emprego. O nível de desemprego, esse tem vindo a crescer gradualmente e é já um dos mais altos na união europeia com uma taxa de 7,9%, na base desta situação está o nível de expansão da economia que se cifra em 1,6% (no segundo trimestre deste ano) não é suficiente para contrariar esta tendência de aumento do nível de desemprego o que provoca decréscimos nos níveis de consumo, e já não me refiro à aquisição de uma casa mas à aquisição de bens de primeira necessidade!

Para além das dificuldades de um jovem à aquisição de casa própria, surgem os interesses das instituições bancárias e grandes construtoras que cada vez mais se fundem num único grande interesse já que vai verificando uma troca nas participações em capitais relativos a estes dois sectores, ou seja, por hipótese, os bancos (os principais financiadores dos portugueses ao que à habitação diz respeito) passariam a ter um peso progressivamente maior na decisão dos preços praticados ao nível da habitação. Por sua vez as construtoras para além de regulamentarem o preço da habitação passariam a ter uma voz activa nas condições de aquisição do crédito habitação. Ainda não chegámos a este ponto (penso eu) mas cabe-nos a tarefa de ficar alerta para que essas participações não se transformem em participações maioritárias.

01/09/07

O mundo nos dias de hoje na perspectiva de um “anónimo”…

O mundo civilizado nos dias de hoje é sem dúvida muito diferente das milenares civilizações que nos precederam, de um mundo antigo fragmentado pelo desconhecimento recíproco entre os diversos povos passámos progressivamente a um mundo globalizado. Se outrora tal como nos dias de hoje a tremenda desigualdade entre ricos e pobres foi e é uma constante as regras essas foram evoluindo.

Da aparente anarquia inicial evoluímos para um mundo regido por regras rígidas, que mais faziam lembrar um jogo de xadrez, onde cada um se comportava como uma peça de tabuleiro executando a sua jogada alienado de qualquer sentido de moralidade, existindo com o único propósito de fazer xeque-mate e assim poder subir um lugar no ranking. Na lista dos mais procurados, o poder era sem duvida o factor chave que fazia mover o mundo.

Nos dias de hoje sem dúvida partilhamos esse mesmo sentido de poder herdado dos antigos ainda que esse poder, salvo raras excepções, já não assenta num tirano ou um regime totalitário. Antes, encontra-se dividido em diferentes poderes, assentando o bom funcionamento de um estado na articulação e na flexibilidade de interacção entre os diversos órgãos de soberania.

De diferente maneira os, media surgem como outra forma de poder estabelecendo uma ligação efectiva entre o poder institucional e o povo. Mais ainda, os media surgem como factor globalizante entre as diversas culturas entretendo, denunciando e informando. Se o poder se encontra mais repartido e em certa medida mais transparente ao comum dos mortais através dos media, porque é que é as desigualdades, principalmente aquelas que resultam da violação dos princípios fundamentais dos direitos humanos, subsistem como constante indissociável!? Será que há algum desígnio para tudo isto? Qual o motivo para que esses princípios fundamentais não vigorem? Haverá algum interesse oculto ainda por expor? Sinceramente vejo o mundo em mutação principalmente na percepção da nossa identidade/privacidade sem tempo nem lugar à reflexão. Como nos veremos a nós mesmos daqui a 10 anos? E os outros como serão aos nossos olhos?...

Só espero no futuro não ter de viver como o humpty dumpty (personagem presente no conto Alice no Pais das Maravilhas de Lewis Carrol) pensando cada passo que haveria de dar para não cair do muro.