
15/09/07
Biocombustíveis: prós e contras
É inegável que a sociedade contemporânea de matriz tecnológica, industrial e económica se depara com um quebra-cabeças à escala global e que até hoje não tem solução real. Se por um lado pretendemos crescer tanto ao nível económico, tecnológic
o e até mesmo no nosso bem-estar não é menos verdade que, do outro lado da equação nos deparamos com problemas de sustentabilidade de recursos e degradação ambiental. Na raiz do problema temos o petróleo fonte energética fóssil e não renovável (pelo menos numa escala de tempo útil ao ser humano) que, ao mesmo tempo que se vai esgotando (gerando instabilidade e conflitos no Médio Oriente), tem contribuído para a emissão de gases de efeito de estufa nomeadamente o CO2, com o consequente aumento da temperatura na superfície terrestre resultando no degelo das calotes polares e aumento do nível das águas com inundação de algumas zonas costeiras. Neste cenário ainda evitável surge a necessidade de se procurarem alternativas ao petróleo, alternativas renováveis e que minimizem o impacte ambiental. Os biocombustíveis têm surgido nos últimos tempos como uma fonte de energia mais limpa que o petróleo e com enormes potencialidades de serem produzidos em grande escala sendo que muitos mais países teriam a possibilidade de produzir o seu próprio combustível evitando-se a excessiva dependência dos países exportadores de petróleo. Os biocombustíveis são produzidos através da refinação de óleos extraídos de plantas como o girassol, a palma, a soja, colza e até da fermentação de açúcares extraídos da cana-de-açúcar. Ao nível do impacte ambiental o biodiesel permite reduzir em 75% a emissão de CO2, 50% a emissão de CO e 100% a de enxofre. Para além de ter um impacte ambiental mais reduzido, o custo do biodiesel é inferior ao da gasolina ou até mesmo ao gasóleo (1 litro de biodiesel custa actualmente 50 cêntimos). Aparentemente o uso de biocombustíveis só apresenta vantagens mas não, também apresenta alguns inconvenientes, para além de não eliminar a produção de gases de efeito estufa, a produção massificada de biocombustíveis iria aumentar dramaticamente o preço dos cereais mas não só, iria provocar o aumento do preço da carne pois as rações iriam aumentar muito o seu preço. Por outro lado surge o problema da destruição das floresta tropicais, para além do impacto sobre a biodiversidade, já para não falar no facto que a reflorestação é mais eficaz na redução de gases de efeito de estufa do que propriamente o uso de biocombustíveis. Actualmente o Brasil, potencia mundial emergente, é líder na produção de biocombustíveis nomeadamente de etanol obtido através da cana-de-açúcar. Esta posição do Brasil permite-lhe exportar biocombustíveis nomeadamente para países ricos que cobram tarifas elevadíssimas de importação de biocombustíveis, algo que não acontece com o petróleo; para além desta problemática o Brasil não se livra das críticas referentes à desflorestação da Amazónia para obtenção de biocombustíveis. Portugal, por seu turno, ainda está numa fase inicial de produção de biocombustíveis, havendo duas fábricas de produção de biodiesel produzindo cerca de 68000 toneladas no primeiro semestre de 2007. Em jeito de conclusão, os biocombustíveis poderão tornar-se a médio prazo numa alternativa viável menos poluente e mais barata que o petróleo, ainda assim terá que haver intervenção do estado para que, o preço dos cereais e da carne não aumente exponencialmente passando a solução pela não reconversão de campos de cultivo de produção alimentar para produção energética. Outro ponto a ter em atenção seria responsabilizar os governantes pela reflorestação e sustentabilidade das culturas para fins energéticos. Os biocombustíveis não seriam uma fonte de energia verde por excelência, como são a energia hidroelétrica, eólica, solar ou até mesmo o hidrogénio, este último ainda muito pouco desenvolvido e com implicações espantosas ao nivel da capacidade energética e com impactes praticamente nulos sobre o ambiente. Os biocombustíveis podiam ser um susbtituto de transição para o petróleo quando este se tiver esgotado, nomedamente na área dos transportes, enquanto que na área de produção de electricidade a energia hidroelectrica, eólica, e solar têm progressivamente ganho peso.

Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário