30/09/07

TGV em Portugal: escassos benefícios para custos astronómicos

O conceito de TGV, que é o mesmo que train à grande vitesse, surgiu pela primeira vez no Japão no início da década dos 60 com a ligação entre Tóquio e Osaca, sendo posteriormente adoptado em França em 1981 sendo então feita a ligação Paris-Lyon; desde então a rede não tem parado de aumentar com países como a Alemanha, Inglaterra, Holanda, Suiça, Itália Espanha e Bélgica a aderirem, ligados numa rede que cobre actualmente cerca 3700 Km. Este meio de transporte circula a velocidades de cerca de 300-350 Km/h para fins comerciais tendo já atingido em testes velocidades máximas de 574 Km/h (sobre carris) e 581 Km/h (num sistema electromagnético). Em Portugal está previsto o início da circulação do TGV em 2013 no trajecto entre Lisboa-Madrid, sendo posteriormente concluída a ligação Lisboa-Porto por volta de 2015. Este é um dos investimentos mais avultados feitos em Portugal estando estas duas ligações orçamentadas em cerca de 7,7 mil milhões de euros, com cerca de 20% do custo suportado pelos fundos comunitários, 40% suportado pela empresa exploradora do TGV e os restantes 40%, de uma forma ou de outra, suportados pelo contribuinte, resultando num preço demasiado avultado a pagar pelo contribuinte quando os benefícios reais associados ao TGV são praticamente nulos para o vulgar cidadão senão vejamos:

Actualmente a ligação entre Lisboa e Porto faz-se em alfa pendular em cerca de 3 horas, se estivessem concluídas as obras modernização desta linha, (previstas iniciar no longínquo ano de 1991 e cujos custos já aumentaram em 2000% pelo sucessivo atrasar da obra), a mesma viagem em alfa pendular duraria entre 2 horas e 2h15m. Em TGV esse mesmo percurso far-se-ia em 1h30m, ora haveria um ganho de somente 30 minutos. Para piorar as coisas, recentemente o tribunal de contas acusou o governo de atrasar as obras de modernização da linha do Norte em benefício da nova linha do TGV. Relativamente à ligação Lisboa-Madrid esta é feita actualmente de avião a preços muito competitivos praticados pelas companhias denominadas low-cost, cerca de 5 vezes mais barato do que o previsto custar em TGV (100 euros). O TGV só seria competitivo se não houvesse flexibilidade quanto ao dia da partida e do regresso (partir e regressar no próprio dia por exemplo). Podia-se dizer que com a introdução do TGV a redução das emissões de gases de efeito de estufa seria uma realidade, mas tal não irá concretizar-se se não houver uma melhoria significativa da rede de transportes públicos nas cidades abrangidas pelo percurso do TGV, e digamos em abono da verdade que essa melhoria da rede de transportes públicos suburbanos traria muito mais vantagens para o vulgar cidadão e para a produtividade das empresas do que propriamente o TGV. Podíamos dizer também que estaríamos a perder o comboio da Europa em termos de rede de alta velocidade, mas se olharmos bem para outros países da Europa mais ricos, mais desenvolvidos e com melhor qualidade de vida que Portugal que dispensam o TGV como é o caso dos países Escandinavos então veremos que não é bem assim. Em jeito de conclusão, o TGV é um empreendimento demasiado caro para o bolso dos portugueses principalmente se olharmos para os reais benefícios que daí advêm para o vulgar cidadão, outros investimentos são mais vantajosos para os portugueses como é o caso da saúde, educação ou até mesmo investimento numa melhor rede de transportes públicos urbanos e suburbanos.

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